O crÃtico literário Alexandre Faria e o escritor João Paulo Cuenca fizeram parte da segunda banca que analisou os textos de cerca de cem participantes da FLUPP Pensa, projeto de formação de leitores e autores, ligado à FLUPP – Festa Literária Internacional das UPPs, que vai reunir até novembro moradores, policiais e escritores consagrados em 13 comunidades pacificadas do Rio de Janeiro.
Para Alexandre Faria é preciso repensar a literatura antes de avaliar os textos produzidos hoje. “Eu não posso julgar nenhum texto, mesmo na minha condição de crÃtico, em função de conceitos que aprendi na faculdade”.
Ele lembrou que o fazer literário hoje já não pertence mais a uma elite, a uma minoria. “A literatura é outra, os textos são outros, a sociedade e os escritores estão se manifestando de outra forma, então preciso redefinir, recompreender a literatura”.
Segundo Faria, apesar de móvel e sujeito a cada época o conceito de literatura não escapa a um importante critério, esse sim permanente: “texto literário antes de tudo é intencionado, não serve apenas para comunicar algo, é produzido na urdidura da palavra, na maneira como se manipula o discurso, o verbo”, explicou.
A sua dica para quem pretende ser escritor é abandonar a preocupação de caráter documental, extrapolar o fato, lembrando sempre que “literatura é mais que a vida”.
Satisfeito com o resultado dos textos produzidos na última rodada da FLUPP Pensa, ele destacou a ironia e a narrativa reflexiva de elementos da vida contemporânea em alguns textos que analisou e pediu aos participantes que não deixassem de fazer a literatura que reflete o nosso tempo, seja no boteco ou no twitter.
Também jurado, o escritor João Paulo Cuenca chamou atenção para a necessidade de se escrever sobre as rápidas transformações que o Rio vem sofrendo “A cidade está se movimentado e ninguém está escrevendo sobre isso. Está faltando outro Lima Barreto. Rio de Janeiro é a cidade mais interessante do mundo para escrever ficção. Vocês têm história”, enfatizou o autor.
A FLUPP Pensa também levou à Cidade de Deus André Vianco, autor que faz sucesso com livros de terror. Ele falou sobre sua trajetória como escritor da persistência e apontou o volume de leitura e a diversidade de gêneros e estilos como fundamentais para quem quer se ser escritor. “Ler é o dever de casa, sem literatura não há escritor”, aconselhou.
O próximo encontro do Flupp Pensa reunirá os jovens autores do jogo literário com o escritor, poeta e compositor paraibano Bráulio Tavares, no próximo sábado, dia 5 , na Maré.