“Permanentemente mergulhada numa bruma que não se dissipa”, na definição do geógrafo árabe Al-Bacr, no século X, a histórica Vila de Sintra, no distrito de Lisboa, será o cenário de uma grande festa literária, com a participação de 30 escritores, nos dias 11, 12 e 13 de novembro.
A FLIS – Festa Literária Internacional de Sintra inspirou-se na FLIP para desenhar o seu formato, e tal como na Festa Internacional de Paraty, haverá palcos com temáticas variadas, moderados porconvidados. O diretor da primeira edição será o editor Manuel Alberto Valente.
A maior parte das iniciativas ocorre dentro do Centro Cultural Olga Cadaval. São 11 palcos, com temas como Loucura e criatividade, Eça de Queiroz e os polÃticos, Latitudes – narrativas da lusofonia, Especiarias – viagens e gastronomia, O amor é sexualmente transmissÃvel (inspirado na frase do escritor brasileiro Marçal Aquino) e a A vida dos outros - redes sociais e voyeurismo.
O peso da lusofonia
Dos 30 escritores que vão participar da FLIS, 15 são lusófonos. Até hoje está confirmada a participação de Pedro Paixão, Francisco José Viegas, Valter Hugo Mãe, João Tordo, Ricardo Adolfo, José Eduardo Agualusa, Edson Athayde e Joana Amaral Dias. Fora do espaço lusófono, confirmaram presença, por enquanto, a espanhola Rosa Montero e o chileno LuÃs Sepulveda. A organização do evento está esperando ainda resposta aos convites feitos a escritores angolanos, moçambicanos e, sobretudo, brasileiros. “A literatura brasileira é referência para os organizadores, e a inspiração da FLIS, a FLIP. Desta forma, pretendemos que a participação brasileira seja significativa. Fizemos convites a vários escritores de diferentes gerações e estamos ansiosos por anunciá-los”, conta um dos diretores executivos, Gonçalo Boullosa.
Programação paralela: no Café Literário Saudade haverá entrevistas com escritores e showcases musicais. As editoras terão espaço para promover sessões de autógrafos, pequenos debates, além de lançamentos e vendas de livros.
Na noite de sexta-feira, dia 11, será prestado Tributo a Glauber Rocha, marcando os 30 anos da sua morte e de sua temporada em Sintra, com palestras, documentários e exibição da cinematografia do cineasta brasileiro.
Apesar das baixas temperaturas, a FLIS pretende manter o espÃrito da festa brasileira, tornando o Centro Cultural Olga Cadaval (na foto) um espaço aberto, dinâmico, com muitas atividades acontecendo nos intervalos das palestras.
“Sintra tem inverno mais rigoroso e menos convidativo ao exterior, como é o caso de Paraty. No entanto, vive uma atmosfera bucólica e um imaginário literário muito vasto”, diz Gonçalo.