Saiu até cedo aquela noite do baile. Já lhe doía o ciático de tanto quadradinho de oito. Tava gata, sabia que tava. Beijinho no ombro! Obrigada e desculpa! Cabelão na escova chocolate, shortinho desproporcionalmente arroxado praquele par de coxas sinistro. E tinha a manha. Descia fácil até o chão, chão, chão…
Mas naquela noite, vai explicar, não tava pro crime. Queria chegar ainda de noite em casa, se é que aquele pardieiro em que vivia podia mesmo ser chamado assim. Casa. Amanhã, que já era hoje, pegava cedo na lanchonete. Melhor dormir sozinha ainda que pouco, do que virar a noite a procura de macho pra dormir de “coxinha”… Sabia que era de “conchinha”, mas gostava de falar assim mesmo: “dormir de coxinha”.
Caminhava pelo beco que conhecia até de olhos fechados, ainda que pelo cheiro de chorume. Não tinha medo, estava prudentemente embriagada e ainda tinha um teco na bolsinha, pra cheirar no pardieiro, doce pardieiro. Tranquiiiiila seguia no seu passo...