Meio milênio após a primeira publicação da emblemática obra de Thomas More (1478-1535), A utopia continua a ser evocada por diversas gerações. Muito do que já se construiu em termos literários e filosóficos, a partir de sua análise e discussão, permanece como contribuição para novas reflexões. A celebração dos quinhentos anos desse livro fundamental não poderia deixar de lado a provocação do pensamento, tão cara a More. Tendo essa ideia como inspiração e aspiração, a Revista Pessoa provocou alguns nomes da literatura brasileira para problematizar o “lugar” da utopia no mundo contemporâneo. Eles aceitaram o desafio. Acompanharemos neste ano as discussões de escritores de norte a sul do País sobre essa questão.
Com a palavra, o escritor, ensaísta e professor universitário Evando Nascimento. Seu trabalho se move principalmente entre Literatura, Filosofia & Artes. Seus livros de ficção foram finalistas e semifinalistas dos prêmios Oceanos e Portugal Telecom. Em destaque: Cantos profanos (contos) (Globo / Biblioteca Azul, 2014); Cantos do mundo (contos) (Record, 2011); Retrato desnatural (diários 2004 – 2007)(Record, 2008)
Revista Pessoa: Você acredita na utopia (de um modo geral) como possibilidade de melhora da sociedade, como alternativa ao instituído?
A palavra utopia tem um sentido negativo que me desagrada, significando o não-lugar ou o lugar nenhum e, portanto, é relativamente sinônima de atopia. Em More (ou Morus, mesmo...