I
Respirando o ar leve, ouvindo
o dia cantar no meio do céu, as aves
cortarem o dia, seu vulto claro
mergulhando nas ondas, a crista
erguida e breve, a cada passo
do mar alto, o sal na língua, seu cristal
nos pelos do braço, e o dourado humilde
da areia sem fim, a espaços molhada,
que a onda alaga – vazando deixa,
num traço breve, seu contorno –
e a sombra por instantes cruzando
os meus passos, tento não sentir
que me chamam – do outro lado
me chamam, com a voz antiga
do acalanto: venha, aqui estou,
eis que apenas aqui estou, e chamo
e espero que me ouça – assim ouvi
como se o rosto...