a manhã é uma criatura sem forma
a visão turva das grandes ambições a tornarem-se silêncios pequeninos e a porta a bater com a força de quem sai e não pensa em voltar nunca mais
não há saudade mais dolorosa do que a do baloiço dos viajantes e das portas em movimento
primeiro criam-se especulações depois arranjam-se os cortinados muito bem forrados de um dantes escritor que agora se dedica à construção da morte de um amor equívoco porque de todos os saberes o amor é o único que não valerá nunca a distância entre deus e os olhos
uns membros descarnados onde as mulheres se despem e correm à procura das suas cinzas
se me empurrares eu vou
depois os pássaros invadem o peito e todo o sangue se concentra no estômago na digestão do absoluto
amor máquina trituradora folha de trevo devorada pelo clarão da boca
se eu aprender depressa e às escuras como fazer um buraco no coração ainda com ele vivo e saltar até...