Hilda Hilst é uma poeta complexa, que escreve poesia em prosa, dramaturgia poética, poesia musicada, e poesia apenas.
A indefinição cromática e as metamorfoses múltiplas atravessam seus diferentes registros. Hilst se imiscui com a “poesia pura”, que transborda a métrica da representação e se dissolve em fluxos.
Seu recolhimento na Casa do Sol, inspirada por um mergulho introspectivo e místico em Nikos Kazantzakis, é de ordem afetiva, e ao mesmo tempo um respiro frente ao Estado de exceção que veio à baila a partir de 1968, apenas dois anos depois de sua mudança de ares. O Absurdo de seu tempo fica bastante explícito em seu teatro do Absurdo, que bebe de Samuel Beckett, com um estilo brasileiro. A Casa do Sol aproxima as alegorias políticas dos elementos da natureza, quando homens se confundem com lobos e os lobos habitam os imaginários de seus personagens fugidios, que não se deixam captar com facilidade. Eis a figuração potente de uma revolta, uivos de uma...