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Uma menina que não era minha mãe

Foto: Lenira. Praia de ponta negra, Natal. Acervo do autor



2019-03-29

E agora, quando penso na minha mãe, quando ela já cruzou a barreira dos 80 anos, penso na infância que ela teve nas dunas movediças de Natal, a cidade em que ela nasceu. Penso nela como um livro inconstante, incalculável. Feita de outros livros e vertiginosa, mergulhada nas noites míticas de sua infância e juventude numa cidade que ela conseguiu preservar dentro de si, através de suas páginas, até hoje. Vidas inteiras de amigos e irmãos são capítulos dessa vastidão. Sua desolação e saudade e desencontro e reencontro.

 

Meu pai estava na UTI, nos estágios finais da doença que o levou do mundo, o mundo pelo qual ele tanto andou. Fui até lá, ao Recife, não para despedir-me porque a despedida foi longa, aos poucos e de poucas palavras. O que dizer a quem está morrendo? Fui até lá para estar com minha mãe, Lenira, a outra remadora desse barco em que seguíamos. Nessas horas dizemos que estamos tristes. Acreditamos mesmo nisso. Mas creio que é mais complexo, envolve mais sentimentos… Vazios se abrem, portas se fecham. Imagens ficam em suspensão. Confusos, certamente ficamos. Mas nessa confusão eu...

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Toinho Castro

Potiguar de Pernambuco e radicado Carioca! Assim define-se Toinho Castro, que nasceu em Natal, no Rio Grande do Norte, cresceu no Recife e migrou para o Rio de Janeiro aos 30 anos. Tudo em meio à uma família de poetas, músicos artistas. Além da poesia, trabalha com design gráfico, fotografia, vídeo e outras mídias; faz filmes (Viagem a Marte, Avenida um, Vai, foguete, entre outros) e publica versos por aí. Organizou e participou da coletânea de poemas Lendário Livro, com Aderaldo Luciano, Braulio Tavares, Nonato Gurgel, Numa Ciro e Otto. Seu trabalho enquanto poeta está ligado à construção da memória como espaço de compartilhamento, em que a poesia media uma troca vivências, percepções e expectativas. 




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