Nos cadernos da escola, lá nas páginas finais, eu exercitava umas mudanças sonoras e bacanas com os sobrenomes legais dos meus colegas na chamada. Não era flerte, não era paixonite, era apenas um ensaio de mudança sonoplástica, vendo o Ribeiro se acompanhar de uns sobrenomes alemães, espanhóis, italianos ou ingleses. Claro, a gente é besta desde criança. Só pensa em hegemonias, até sem saber.
Já escolhi marido pelo sobrenome. Isso na adolescência, claro, quando eu nem sabia direito o que era marido (ô, quisera ter cultivado tal ignorância com mais inteligência), mas já prestava muita atenção na sonoridade diferente das palavras, inclusive dessas que nos dão nome e sobrenome.
A viagem era que, naqueles idos desinformados e aparentemente mais machistas, eu entendia que toda dama, quando se casava com um cavalheiro, se transformava, por obra e graça de um juiz e de um padre, numa espécie de propriedade do cônjuge (“conje”, em português mais contemporâneo). Como os exemplos eram fartos ao meu redor, para minha...