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Para se aproximar do invisível

Foto: recorte da capa de



2021-05-19

Nessa família, as pessoas se entreolham, se espiam, mas pouco se tocam, exceto a narradora, uma mulher de quarenta anos, que tenta encontrar algum sentido no desencadeamento trágico dos irmãos Dôrfo, Bebé e Miguel. Apesar de onisciente, essa narradora-personagem consegue trazer os demais personagens para a cena principal, numa perspectiva acolhedora e amorosa, permitindo que os leitores compreendam e abracem as dores e os problemas dos três irmãos.

 

A miséria é repugnante e estridente. Por isso, os miseráveis são submetidos a um tipo de “mágica social”: a invisibilidade. Não enxergá-los ou apartá-los parece fazer parte de um aprendizado coletivo milenar que se desdobra em falta de compaixão, ausência de solidariedade, desumanização e desprezo. Na literatura, o fenômeno social da invisibilidade é fartamente relatado. Apenas para citar um exemplo: “essas moças não são seres humanos, ninguém os cumprimenta, ninguém se desculpa ao esbarrar nelas, e, se chamadas a fazer algum trabalhinho, elas o executam e logo voltam  para sua máquina, com um gesto de cabeça mostra-se a elas como intervir; estão ali...

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Ana Cristina Braga Martes

É socióloga e foi professora da Fundação Getulio Vargas até 2019, de onde saiu para se dedicar integralmente à literatura. Nascida em Varginha (MG), passou sua infância e juventude de São Carlos (SP), formou-se em Ciências Sociais pela UNESP/Araraquara, fez mestrado e doutorado na Universidade de São Paulo (USP) com bolsa sanduíche no Massachusetts Institute of Technology (MIT). Foi Pesquisadora Visitante na Universidade de Boston (BU) e fez pós-doutorado na Universidade de Londres (King’s College). Publicou e organizou diversos artigos e livros acadêmicos. A origem da água é seu primeiro livro de ficção. 




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