Colunistas

Ainda ontem e mesmo agora

Nilma Lacerda

Revista Pessoa

2022-12-12

O silêncio engolido à mesa do café da manhã ou do jantar continua na voz calada na praça. O grito sufocado à custa de armas é ponta extrema do jogo, que custa a sair de cena na América Latina e que durante o século XX contou com exemplos longevos e terríveis na Europa.

Nas prateleiras da minha biblioteca, dois fragmentos de ladrilho hidráulico de celas do antigo leprosário da Ilha Grande lembram: lá funcionou também, em seu início, a prisão da Ilha Grande, cuja existência é atestada por Graciliano Ramos, em suas Memórias do Cárcere. Recolhidas há mais de 20 anos, os fragmentos juntam-se às letras do alagoano, que não escreve por diversão. Eu também não.

Parte do noticiário televisivo à época, a implosão do presídio representou mais um dos apagamentos que marcam a história do Brasil. Hoje o Ecomuseu Ilha Grande – mantido pela universidade do Estado do Rio de Janeiro ...

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Nilma Lacerda

Nasceu no Rio de Janeiro, onde vive. Autora de Manual de Tapeçaria, Sortes de Villamor, Pena de Ganso, Cartas do São Francisco: Conversas com Rilke à Beira do Rio, Estrela de rabo e mais histórias, Iberê Camargo: um homem valente, é também tradutora e escreve ensaios e artigos científicos. Recebeu vários prêmios por sua obra, dentre os quais o Jabuti, o Prêmio Rio, o Prêmio Brasília de Literatura Infantojuvenil, além das distinções White Ravens, da Biblioteca Internacional de Munich para a Juventude e Lista de Honra do International Books for Young People. Professora aposentada da Universidade Federal Fluminense, mantém na Revista Pessoa a Coluna Ladrilhos, com crônicas de talhe variado, em perspectiva lusófona.